Não há tardes de Agosto como aquela!
Não que estivesse a chover ou o frio nos provocasse, fora de tempo. O sol estava lá em cima. Bem ao alto. Olha-se. Dói.
Se fosse um nevão repentino também não me perturbaria. A mim não. Nem aos miúdos do rectângulo ali ao lado. Trocariam a areia pela neve nas suas pás e nos seus baldes de praia. Haviam ainda de trocar os frágeis castelos de areia pelos brilhantes bonecos de neve. E ficava-se por aí!
E se estivesse trovoada, acharia isso algo de invulgar? Também não. Iria de certo entreter-me a contar os relâmpagos e a multiplicá-los pelos segundos de silêncio até chegarem os trovões.
Mas uma coisa posso garantir. Não há tardes de Agosto como aquela.
Eram duas horas da tarde. Talvez mais. O relógio da cozinha andava sempre desregulado. Se se atrasava, eu adiantava-o. Se se adiantava, eu, logo que me apercebia, atrasava-o. Era uma luta incessante. Eu não ganhava é certo. Porém ele também nunca se distanciava muito. Ás vezes, baralhava-me. Mas não por aí além. Nesse momento. Os seus ponteiros talvez marcassem duas horas.
sábado, 2 de junho de 2007
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