sábado, 25 de agosto de 2007

PESSOAS - EDUARDO PRADO COELHO

"Impressiona-nos sempre a morte, não por ser a morte de este ou de aquele, mas por ela continuar a existir, sendo objectivamente um escândalo."

Há 20 anos atrás, Eduardo Prado Coelho era o meu cronista de leitura obrigatória. Era o intelectual de esquerda, embrulhado em leituras e palavras quase incompreensíveis, num país demasiado amarrado às origens (sejam as do país, sejam as do indivíduo). Fazia-me sobretudo pensar que as nossas vidas podiam não ser tão predestinadas a vermos sempre 'tudo' da 'mesma forma'. Hoje, Eduardo Prado Coelho era o 'cronista' do Público. Hoje finalmente, Eduardo Prado Coelho transformou-se e libertou-se de uma casualidade das nossas vidas -


- esta!



1 comentário:

LEÃO DA ESTRELA disse...

EPC, que cultivava uma atitude aristocrática, não tinha preconceitos pseudo-intelectuais. Era capaz de escrever sobre o “nosso” Sporting e, mesmo assim, ser lido por quem detesta futebol. Porque quando escrevia sobre futebol abordava o fenómeno como uma pessoa normal. Com coração, cabeça e estômago. Também por isso, sendo um homem assumidamente de esquerda, chegando, às vezes, a escrever como se de um “spin doctor” do PS se tratasse, era lido e respeitado em todos os quadrantes políticos. Porque era livre nas suas escolhas, nos seus elogios e nas suas críticas. Desde a fundação do jornal “Público”, em 1990, EPC escrevia diariamente sobre as grandezas e as misérias da cultura, da política e da sociedade portuguesas, a partir dos episódios do quotidiano. Tinha amigos de estimação. E inimigos também. Como qualquer ser humano marcante e perene.