quinta-feira, 24 de maio de 2007

NOTÍCIA DO DIA (QUINTA 24MAI) - HOSPITAL COBRA 200 MIL EUROS POR DOENTE EM COMA HÁ 6 ANOS

O Hospital do Barreiro interpôs uma providência cautelar para retirar uma doente em coma vegetativo, internada há seis anos, das suas instalações, cobrando mais de 200 mil euros pelos 2168 dias de internamento.

Num documento citado pela agência Lusa, o hospital explica que a doente está num estado «estável mas irreversível», e que, apesar de necessitar de cuidados de terceiros «permanentes», os médicos nada poderão fazer «em favor da sua evolução clínica». No mesmo documento, lê-se ainda que o hospital «necessita da cama ocupada para hospitalizar outros doentes».

A providência cautelar, recebida pela família a 15 de Maio, alerta que se a doente não for imediatamente retirada do hospital, a «dívida ascende a uma proporção que aumenta a impossibilidade de futura liquidação e coloca em causa a gestão efectuada pelo hospital». No entanto, o marido da doente, António Casanova, revelou à agência Lusa que apenas manteve a mulher no hospital por não existir outro local com condições para a acolher.

«O valor que o hospital me cobra não ganho eu em 20 anos de trabalho», lamentou o engenheiro mecânico de 54 anos, referindo-se à dívida de 200 mil euros pelo internamento da sua esposa durante seis anos.O marido disse ainda concordar que o «hospital não é o local ideal» para manter a sua mulher, mas acrescentou que não tinha «outras opções», até porque nem a Santa Casa da Misericórdia se mostrou disponível para a receber.

António Casanova criticou mesmo os responsáveis do hospital por terem «feito muita pressão» para retirarem a doente do local e por terem recusado o seu pedido de apoio psicológico para a filha do casal.O marido explicou também que o seu advogado vai contestar a providência cautelar e apelar a várias entidades portuguesas para o ajudarem a resolver este caso.

Helena Casanova sofreu um acidente, a 21 de Março de 2001, na piscina municipal do Barreiro, local onde fazia terapia, tendo-se afogado e entrado em paragem cardio-respiratória.Na altura, os bombeiros enfrentaram várias dificuldades para retirar o corpo para o exterior, já que as saídas estavam fechadas com barras de ferro.Entretanto, a família questionou a autarquia do Barreiro sobre as suas responsabilidades no caso, pois a piscina é um equipamento municipal, mas o presidente na época, Pedro Canário, recusou activar um eventual seguro para suportar o internamento de Helena Casanova. António Casanova decidiu então mover um processo judicial contra a câmara para apurar responsabilidades, mas a queixa-crime apresentada já foi arquivada, enquanto o processo cível ainda corre em tribunal.

http://www.tsf.pt/online/vida/interior.asp?id_artigo=TSF180650

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